terça-feira, 2 de abril de 2013

A origem da Rolha ( SOBREIRO )


A origem da rolha ( SOBREIRO )


São precisos 25 anos em média para que um tronco de sobreiro (árvore que dá a cortiça) comece a produzir cortiça para a elaboração de rolhas. Cada tronco do sobreiro tem que atingir em média um perímetro de 70 cm a 1,5 metro do chão. A partir de então, a sua exploração durará mais de 130 anos.
O primeiro descortiçamento, a chamada desbóia, obtem-se uma cortiça de estrutura muito irregular e com uma dureza que se torna complicada de trabalhar. Sendo chamada de “cortiça virgem” que será utilizada em outras produções e não destinadas a produção de rolhas.
Depois de nove anos, no segundo descortiçamento, consegue-se um material com uma estrutura mais regular, menos rígida, mas ainda impróprio para o fabricação de rolhas de qualidade. Mesmo para rolhas de segunda linha.
É só no terceiro descortiçamento e nos seguintes, que se consegue uma cortiça com as propriedades adequadas para a produção de rolhas de qualidade, uma vez que já apresenta uma estrutura regular, macia e de textura lisa. É a chamada “cortiça de reprodução”. A partir desta altura, o sobreiro fornecerá, de nove em nove anos, cortiça com boa qualidade por mais de 130 ou 150 anos.
O descortiçamento do sobreiro é um processo lento, cuidadoso, devendo  ser feito apenas por pessoas especializadas, os chamados descortiçadores. Caso contrário, o sobreiro poderia sofrer danos a sua estrutura e prejudicar futuras extrações de cortiça.
Nos últimos anos o debate tem sido intenso em torno do modo ideal de vedar as garrafas de vinhos e em torno dos problemas que envolvem a rolha de cortiça. O tema é importante, pois o modo de tampar a garrafa influi muito na qualidade final do vinho.

O surgimento da rolha de cortiça
Garrafas de vidro são usadas para armazenar vinho (ainda de modo raro e insipiente) desde o império romano. Este tipo de recipiente, contudo, só viria a se tornar o padrão a partir do século XVII. O pai da moderna garrafa de vidro para vinhos é o inglês Sir Kenelm Digby, que nos anos 1630 foi proprietário de uma fábrica de vidro e produziu em série garrafas mais resistentes, escuras (para a proteção do líquido da luz) e com formato semelhante ao que hoje é o padrão do mercado (cilíndricas, alongadas, com um pescoço mais fino e com um gargalho reforçado). Este tipo de garrafa adaptou-se bem a uma outra invenção, a rolha de cortiça, que por volta de 1680 começou a ser usada. Nesta data o monge Dom Pérignon teria deixado de usar vedantes de madeira e adotado rolhas de cortiça em seus vinhos espumantes. Até 1830 as rolhas eram em forma do cone, para seu melhor encaixe nos gargalos das garrafas, só a partir daí foram criadas máquinas capazes de introduzir rolhas cilíndricas (como as de hoje) nos gargalos das garrafas.

Rolha maciça – feita de cortiça maciça, é a de melhor qualidade. Quanto mais longa, larga e elástica melhor a qualidade da rolha. Uma rolha grande pode ter 55 mm de comprimento e 25 mm de diâmetro. Enquanto isso uma pequena pode ficar nos 30×15 mm, por exemplo. O diâmetro da boca da garrafa é sempre menor que o diâmetro da rolha, que é colocada comprimida por uma máquina, para que fique firme e vede bem o recipiente. Uma rolha “top” pode custar mais de 1 euro a unidade.

Rolha de aglomerado de cortiça – rolha mais barata feita de cortiça moída e cola, a partir da cortiça que sobra da elaboração das rolhas maciças. Difere da rolha maciça da mesma forma que uma madeira maciça se compara a uma madeira de aglomerado. Sua elasticidade e durabilidade é menor que a de uma rolha maciça (e seu tamanho por vezes também). Em alguns casos a cola destas rolhas pode passar aromas negativos ao vinho, o que motivou alguns produtores a adicionarem um disco de cortiça maciça na parte da rolha que fica em contato com o líquido.

 Rolha de Champagne – é feita de duas partes, em forma de cogumelo. A parte de cima, a cabeça do cogumelo, é propositalmente feita de aglomerado bastante rígido, sem elasticidade, para que se possa segurar e sacar a rolha com as mãos ou um alicate apropriado. A parte de baixo, que fica dentro do gargalo da garrafa, é de rolha maciça e elástica, para vedar a garrafa e proteger o liquido.

Rolha sintética – as rolhas sintéticas chegaram ao mercado no início dos anos 1990 causando espanto (e às vezes revolta) em consumidores tradicionalistas. Este tipo de vedante oferece vantagens e desvantagens em relação às rolhas de cortiça. Custam mais barato, permitem que o vinho seja guardado de pé, pode ser colorida, e o principal, não transmitem o TCA.
Do lado negativo está primeiramente o aspecto técnico: esta rolha não é tão elástica quanto a cortiça e não veda totalmente a garrafa, permitindo a entrada de uma micro quantidade de oxigênio (0,01 centímetro cúbico por dia, dez vezes mais que 0,001 cc das rolhas de cortiça ou tampas de rosca) provocando a oxidação dos vinhos em caso de longa guarda.

Tampa de Rosca – Conhecida como screwcap este tipo de vedante vem sendo pesquisado para uso em vinhos na Austrália desde os anos 1960 e há anos é usado com sucesso em muitos tipos de bebida (cerveja, sucos, água mineral etc). Trata-se de uma tampa metálica de rosca coberta internamente por um plástico inerte. Como vantagens traz seu baixo custo, seu fácil manuseio (dispensa o uso saca rolhas), a garrafa pode ficar de pé, é reciclável, livre de TCA e funciona perfeitamente para vinhos jovens. Sua longevidade, contudo, não está comprovada para uso em vinhos de guarda, embora já seja bastante aceita sua grande eficiência em vinhos brancos e de consumo jovem em geral. Este tipo de vedante é adotado por novos produtores a cada ano e é a grande tendência deste mercado. Na Austrália cerca de 30% de toda a produção engarrafada já utiliza a screwcap. Na Nova Zelândia esta proporção já ultrapassa os 70%. A nível global, cerca de 15% de todas as garrafas de vinho comercializadas trazem uma tampa de rosca. No momento este parece ser o vedante mais promissor, por sua eficiência, fácil utilização e baixo custo.

Tampa de Vidro
Um tipo de vedante, feito de vidro e forrado com material sintético é usado por alguns produtores alemães e austríacos. No Brasil já esbarrei em vinhos assim do produtor alemão Eugen Müller, representado aqui pela importadora Decanter. Este vedante é chamado de “Vino-lok” e é tipo como muito eficiente, por cumprir bem sua função de selar a garrafa, por sua aparência elegante e por ser reciclável, mas seu custo ainda não é acessível a vinhos mais baratos. 


O maior produtor de cortiça no mundo é Portugal ( Alentejo ), seguido da Espanha e Marrocos .
Santé !!!
Eduardo Machado
Sommelier






Nenhum comentário:

Postar um comentário