segunda-feira, 29 de abril de 2013
Vinhos e Algo Mais : Gambero Rosso - Wine Show 2013 São Paulo
Vinhos e Algo Mais : Gambero Rosso - Wine Show 2013 São Paulo: Gambero Rosso - Road Show 2013 O Gambero Rosso é um grande grupo editorial italiano especializado em vinho e gastronomia de um...
Gambero Rosso - Wine Show 2013 São Paulo
Gambero Rosso - Road Show 2013
O Gambero Rosso é um grande grupo editorial italiano
especializado em vinho e gastronomia de um modo geral. Surgido no final de 1986
como um suplemento do jornal Il Manifesto, no ano seguinte o grupo
editou seu primeiro guia, o Vini d’Italia, o mais famoso guia
de vinhos italianos, publicado desde então anualmente, inclusive com versões em
inglês e alemão.
Hoje o Gambero Rosso, além de publicar o respeitado
guia Vini d’Italia, edita uma revista mensal homônima, em
italiano e em inglês, além de vários outros guias temáticos, como um específico
para restaurantes.
O grupo Gambero Rosso, desde 1999, mantém um canal de
televisão, o Gambero Rosso Channel.
E os empreendimentos do Gambero Rosso não param por aí,
mantendo, por exemplo, em Roma, Nápoles, Catani e Palermo complexos
gastronômicos chamados de Città del Gusto, que contam com escolas
técnicas, wine bars e até mesmo estúdios de televisão.
Com o evento Gambero Rosso Top Italian Wines Road Show, que
percorre diversas cidades, como Rio de Janeiro, São Paulo, Bangkok, Singapura,
Osaka e Seul, o grupo atua como verdadeiro embaixador dos vinhos italianos.
Recentemente, foi realizada a edição 2013 no Rio de Janeiro do Gambero
Rosso Top Italian Wines Road Show, o evento abrange uma feira com vinícolas
de diversos países, algumas ainda sem importadores no Brasil, e as Master
Classes, degustações temáticas restritas a algumas dezenas de pessoas, e
que são o ponto alto do evento.
A Master Class da qual participei tinha como
apresentadores Marco Sabellico, um dos editores do guia Vini
d’Italia, do Gambero Rosso, e de Marcelo Copello,
uma das maiores e mais respeitadas autoridades em vinho do Brasil.
A degustação era composta de trinta vinhos agraciados com os tre
bicchieri, premiação máxima no sistema do guia Vini d’Italia,
representando diversas regiões e estilos. Aqui vale uma observação de que o
sistema de bicchieri da revista leva em conta para fins de
classificação comparações entre vinhos de uma mesma denominação ou região. Em
suma, não se compara um Brunello di Montalcino com um Lambrusco.
E assim, alguns vinhos degustados não impressionam tanto, enquanto outros
emocionam.
Dos vinhos degustados na Master Class os que mais me
encantaram, por categoria, foram:
I. Le Bollicine (Espumantes):
1) Ruggeri Valdobbiadene Extra Dry Giustino B. 2011 (Ruggeri),
que mostra que a denominação é capaz de produzir belos vinhos;
2) Santa Margherita Franciacorta Cuvée Annamaria Clementi 2004
(Ca’ del Bosco), um dos melhores e mais complexos que já tomei dessa
incrível denominação (relembre aqui nosso post sobre a Franciacorta) e que briga de igual com os Champagnes de
alta gama.
II. Brancos – todos uma gratíssima surpresa, únicos, e já prontos:
1) Pinot Grigio Cavit Collection (Cavit) 2012;
2) Friulli Grave Bianco Milo
2011 (Piera Martellozzo), um belo corte de Chardonnay e Sauvignon
Blanc, valendo destacar que o Friuli, por razões diversas como
ocupação francesa no passado, tem tradição em elaborar vinhos com castas
francesas;
3) Sauvignon Zuc di Volpe 2011 (Volpe Pasini),
outro belíssimo exemplar do Friuli Venezia Giulia, profundo,
com identidade própria, branco do ano no Vini d’Italia;
4) Braide Alte 2010 (Livon), outro belo vinho
do Friuli Venezia Giulia, um curioso assemblage de Chardonnay,
Sauvignon Blanc, Picolit e Moscato, com passagem em
barrica, e que foi o meu branco preferido.
III. Tintos:
1) Pignacolusse 2007 (Jermann), elaborado com a
tânica uva autóctone Pignolo, com passagem por 18 meses em
barricas, também da dinâmica região do Friuli Venezia Giulia;
2) Chianti Classico La Selvanella Riserva
2005 (Melini), um belíssimo Chianti Classico, complexo
e de vinhedo único;
3) Arcanum 2007 (Arcanum), um elegante corte
a la Saint-Émilion (75% Cabernet Franc e
25% Merlot) produzido na Toscana, na mesma região
do Chianti Classico;
4) Vino Nobile di Montepulciano Asinone 2009 (Poliziano),
um clássico, sempre porto seguro;
5) Vino Nobile di Montepulciano Vigneto Antica Chiusina
2006 (Fattoria del Cerro), um belo representante da
denominação, elaborado a partir de um vinhedo único;
6) Bolgheri Rosso Superiore Grattamacco 2009 (ColleMassari), excelente,
porém ainda jovem;
7) Bolgheri Sassicaia 2009, não obstante o verdadeiro
“infanticídio” de beber esse clássico toscano ainda tão jovem, o vinho é
incrível, e justifica sua fama;
8) Gaja Barbaresco 2008, incrível não descreve esse
impressionante vinho, que mostra que tudo que se diz do lendário Angelo Gaja é
a mais pura verdade;
9) Barolo Campè 2007 (La Spinetta), um belo
representante dessa prestigiosa DOCG, porém ainda jovem;
10) Amarone della Valpolicella Classico Costasera 2008 (Masi),
um Amarone com estilo clássico, e sempre um “porto seguro” nessa bela
11) Amarone della
Valpolicella Campo dei Gigli 2007 (Tenuta Sant Antonio), um dos
melhores Amarones que já tive a oportunidade de degustar, de vinhedo único,
complexo e impressionante.
Na sequência da Master Class, ainda degustei alguns vinhos
no salão principal, com destaque para os vinhos da Cavit, da Falesco e
um incrível Passito di Pantelleria, da Cantine Pellegrino (Sicília).
Um belíssimo evento que marcou quem teve a oportunidade de participar .
Saúde !!!
Eduardo Machado
Sommelier
segunda-feira, 15 de abril de 2013
Pinot Noir a uva feminina !!!
A Pinot Noir é uma casta tinta, originária da França. Não existe
mistério quanto a sua origem, sua terra natal é a espetacular Borgonha há mais
de 2.000 mil anos. Os primeiros registros de seu cultivo remetem aos Gauleses em
torno de 150 aC. Sua importância e reconhecimento são antigos. Em 1395, o então
Duque da Borgonha, Felipe, proíbe o plantio e cultivo da casta Gamay na Côte
D’Or por considerá-la de qualidade inferior, privilegiando a uva Pinot Noir.
Por ser tão antiga, a Pinot Noir originou toda uma família de uvas: Pinot Gris e Pinot Blanc. Além disso, segundo recentes estudos de DNA, 16 castas distintas têm a Pinot Noir na sua origem, dentre elas: Chardonnay, Gamay, Melon de Bourgogne (Muscadet) e Auxerrois (Malbec).
O
cultivo em outras partes do mundo só começou na década de 1990 (Nova Zelândia,
Califórnia, Oregon, Austrália).
BOAS OPÇÕES PARA SE CONHECER O PINOT NOIR
1. Nicolas Potel (Borgonha-França)
Há vários produtores, mas este é um dos melhores custo-benefício da Borgonha. Ótimo para acompanhar pratos de carne vermelha. Média de preço: R$ 190,00.
2.
Crimson (Martinborough (Ilha Norte)-Nova Zelândia)
Pinot Noir 100% com breve passagem por carvalho. Aroma intrigante de cereja negra mesclado a framboesas e amoras selvagens.
Leves notas de cravo defumado e especiarias exóticas realçam os ricos sabores de ameixas vermelhas e cerejas negras que explodem no palato.
Taninos muito finos e sedosos até o final.
Este vinho tem charme expressivo, estrutura, presença !
Salmão ou
pratos vegetarianos são boas combinações. Média de preço: R$ 150,00.
3.
Villard (Casablanca-Chile)
Ideal salmão ou atum fresco com molhos escuros (carne ou vinho tinto), codorna assada ao molho de shitake e ravioli em molhos cremosos. Média de preço: R$ 100,00.
Ideal salmão ou atum fresco com molhos escuros (carne ou vinho tinto), codorna assada ao molho de shitake e ravioli em molhos cremosos. Média de preço: R$ 100,00.
No século XV, a Pinot Noir começa a ser plantada na região que hoje conhecemos como Champagne, mais precisamente na sub-região de Epernay. Segundo a lenda, Dom Pérignon utilizava apenas Pinot Noir, alegando que as uvas brancas tinham uma tendência latente à re-fermentação. Acontece que mesmo assim o vinho produzido possuía uma instabilidade enorme, tendendo a interromper a fermentação com o início do frio (Outono) e voltando a fermentar no calor (Primavera). Dom Pérignon acreditava que guardar os vinhos em barris de carvalho fazia com que eles perdessem os aromas, portanto, ele os guardava já nas garrafas. Quando a segunda fermentação ocorria, o gás (dióxido de carbono) ficava retido na garrafa. E assim, segundo a lenda, nascia o Champagne. Champagne feito somente de Pinot Noir.
Voltando para a Borgonha... Foi a partir de 1631, com a venda do La Romanée em Vosne pela abadia de St.Vivant, que os burgueses de Dijon começaram a investir na região. Rapidamente, o reconhecimento surgiu e os vinhos de Vosne, Chambertin, Clos de Bèze, Fixin, Volnay ocuparam lugar de destaque para os franceses. A primeira classificação oficial data de 1861 e deve-se ao Dr. Jules Lavalle, do Comitê d’Agriculture de Beaune, que a elaborou para a Exposição Universal do ano seguinte.
Como podemos explicar que uma região tão pequena, produza vinhos tão diferentes? Como podemos entender a diferença entre um Volnay e um Pommard, ou ainda, entre um Chambertin e um Nuits? A explicação mais sábia é o que os franceses chamam de Terroir, ou seja, o conjunto complexo de solo, clima, situação e ambiente da videira. "É o terroir que explica a Pinot Noir, ou a Pinot Noir que explica o terroir: de qualquer forma, intimamente ligados, os dois constituem a chave da variedade da Côte d’Or." (Hugh Johnson).
Características
A Pinot Noir não se adapta em qualquer região. É uma casta muito difícil de cultivar, quase temperamental. Para muitos apreciadores só existe uma região que vale a pena, a Borgonha. Para outros, menos radicais, ainda pode-se encontrar bons Pinot Noir na Nova Zelândia e Califórnia. Apesar dessa pequena diferença de opinião, existe o consenso que ninguém faz Pinot Noir como a Borgonha. Lá ela se mostra insuperável, majestosa e soberba.
A casta é vigorosa, deve-se tomar cuidado com o rendimento. Se o vinhedo não for bem cuidado, não há nada que se possa fazer na cantina, ou seja, não se conserta. Apresenta cachos pequenos e de cor violeta profunda, os seus bagos também são pequenos, redondos, delicados e de casta fina. Necessita de clima fresco bem equilibrado. Floresce e amadurece mais cedo. O excesso de frio produz vinhos pálidos e de sabores pobres. O excesso de calor sobre amadurece a Pinot Noir, provocando sabores e aromas excessivamente tostados e de geléias, afastando a elegância marcante.
Em linhas gerais, os aromas primários mais encontrados são: frutas vermelhas (cereja, framboesa, morango, ameixa), florais (violeta, rosas), especiarias (alcaçuz, açafrão, canela, orégano, chá verde) outros (vegetação rasteira, terra molhada, chão de terra, almíscar, azeitona preta). Com o tempo de guarda, os melhores vinhos podem apresentar: amadeirados (sândalo, incenso, cedrinho, caixa de charutos), animal (couro velho, suor), outros (ervas, especiarias, funghi, trufa).
Aromas
Cereja,
Framboesa,
Morango fresco,
Ameixa vermelha,
Violeta,
Rosas,
Açafrão,
Sândalo,
Cedrinho,
Trufas,
Terroso,
Almíscar.
Na boca, a Pinot Noir é ainda mais fascinante. Alguns especialistas alegam que ela remete às boas coisas/lembranças da infância. Morangos, sumo de carne, temperos e uma deliciosa sensação sedosa. Normalmente a acidez se destaca com taninos e álcool bem equilibrados e discretos. Possui boa estrutura, intensidade, complexidade e apresenta-se marcante, apesar de seu corpo ser médio (na maioria das vezes). A passagem por madeira é bem vinda desde que não destrua sua delicadeza.
A Pinot Noir é uma casta para ser apresentada sozinha (varietal). Poucas experiências de corte (assemblage) deram certo. Champagne é uma delas, onde se pode cortar com a Pinot Meunier e a Chardonnay.
Ela pode originar alguns vinhos prontos para o consumo logo que são engarrafados. Mas os melhores precisam de alguns anos para evoluir. Os vinhos jovens devem ser consumidos até 05 anos. Os vinhos de guarda seguem a seguinte linha: de 05 a 12 anos (EUA e Nova Zelândia), de 05 a 20 anos (Côte D’Or).
Principais Regiões
Conforme já foi dito, a melhor região para a Pinot Noir é a Borgonha. Mas essa região é complicada, com muitas subdivisões e denominações. A que mais se destaca é a Côte D’Or, que também é dividida entre Côte de Nuits e Côte de Beaune, cada uma com as suas apelações, a saber:
Côte de Beaune: Ladoix, Pernand-Vergelesses, Aloxe-Corton, Chorey-lês-Beaune, Savigny-lês-Beaune, Beaune, Pommard, Volnay, Monthélie, Meursault, Auxey-Duresses, Saint-Romain, Puligny-Montrachet, Saint-Aubin, Chassagne-Montrachet, Santenay e Maranges.
Côte de Nuits: Marsannay, Fixin, Gevrey-Chambertin, Morey-Saint-Denis, Chambolle-Musigny, Vougeot, Vosne-Romanée e Nuits-Saint-Georges.
Cultivada em poucos lugares do mundo, as principais regiões e características são:
França, Borgonha (Côte de Nuits) – Começa ao sul da cidade de Dijon e se estende até Nuits-Saint-Georges. A melhor e mais espetacular região para a Pinot Noir. Seus vinhos precisam de tempo para evoluir e mostrar todos os nuances de aromas e gostos;
França, Borgonha (Côte de Beaune) – Começa na cidade de Ladoix e se estende até Santenay. Uma das melhores expressões. Vinhos menos complexos que precisam de menos tempo para evoluir. Elegantes, perfumados e delicados;
França, Champagne – As melhores vinhas estão em Montagne de Reims e é aí que a Pinot Noir domina. Outra região produtora é o Aube. No total, ela é responsável por 35% da área plantada;
Nova Zelândia – A melhor alternativa a Borgonha. Também é excelente, porém com menos elegância e delicadeza, mas com uma competente estrutura. A Ilha do Norte mostrou-se muito quente para a Pinot Noir, assim sendo, a Ilha do Sul investiu nessa variedade de uva, principalmente na sub-região de Canterbury e Marlborough. A única exceção na Ilha do Norte é a sub-região de Wairarapa, onde o micro clima permite produzir Pinot Noir mais excitantes. Vale a pena;
EUA (Califórnia) – Produz vinhos deliciosos e muitas vezes, complexos. Possuem aromas exuberantes de framboesa e cereja com toques de carvalho francês;
EUA (Oregon) – O destaque fica por conta da sub-região de Willamette Valley, excepcional produtora de Pinot Noir;
Outras Regiões – Ainda merecem destaque alguns produtores da África do Sul, Chile, Austrália e Itália.
Grandes
Pinots Noir
DRC,
Leroy, Faiveley, Louis Jadot, Jean Grivot, J.Drouhin, D.des Lambrays, D.Leflaive Méo-Camuzet, Comte Georges de Vogüé, Alain Michelot, D.Dujac, Dominique Laurent, Dugat-Py, Pierre Damoy, Philippe Pacalet, Denis Bachelet, Denis Mortet, E.Rouget, |
|
Rousseau,
A.Rodet, Robert Chevillon, Bernard Morey, Braida, Rochioli, Calera, D.Drouhin, Giaconda, Ata Rangi, Schubert, Dry River, Felton Road, Isabel, Cloud Bay, Martinborough, Seresin, Villard. |
Compatibilização
A Pinot Noir não é uma casta para iniciantes. Sua estrutura mais delicada pode decepcionar alguns desavisados. Não espere encontrar madeira nova, excesso de álcool, doçura ou potência. Os Pinot Noir não são assim.
Podemos dizer que ela é muito versátil e bem vinda à mesa. As melhores combinações são:
Borgonha – Os parceiros ideais são as aves de caça, como o pato, especialmente se servidos com cerejas cozidas; galinha d’angola, carré de vitela, trufas. Os tintos da Côte de Beaune combinam mais com caças de sabores suaves como o faisão, javali e coelho. Enquanto os tintos da Côte de Nuits, precisam de sabores mais marcantes, como o pombo, pato selvagem, veado e lebre. Não esquecendo do clássico Boeuf à la Bourguignonne;
Nova Zelândia e Austrália – Combinam com codorna, pato, peru, presunto e peixes carnudos. Por sinal, Atum e Salmão são boas escolhas para Pinot Noir mais leves e jovens;
Eduardo
Machado
Sommelier
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